Félix Mantilla, ex-top 10 do mundo e especialista no saibro, vive a experiência de ser treinador da seleção australiana de tênis
Enquanto o público do primeiro dia do quali do BVA Open vibrava com a partida entre o alagoano Thiago Fernandes e o australiano James Duckworth, um espectador, de óculos escuros e camiseta amarela permanecia calmo, apenas vigiando das arquibancadas o que se passava no saibro. O espanhol Félix Mantilla, 37, que já chegou a ocupar o 10º lugar do ranking da ATP, atualmente divide seu tempo entre a Espanha, onde possui a Fundação Félix Mantilla para o combate ao câncer de pele, e a Austrália, onde desde 2008, ele treina a seleção de tênis do país.
Com o fim do contrato em dezembro, Félix e a Federação Australiana de Tênis já negociam sua permanência e ele garante que essa nova função é tão boa quanto estar nas quadras. “Basicamente, o tênis é a minha vida, e me encanta fazer parte da evolução desses tenistas jovens da Austrália”.
Para Mantilla, que se retirou das quadras em 2007, o caminho de transformação de jogador para técnico ou dirigente não é tão natural quanto parece. “Jogar é uma coisa, treinar e administrar é muito diferente. Não acredito em técnicos sem paciência e que não gostem de ensinar. Segundo ele, que teve um único treinador dos 16 aos 27 anos, a idade crítica para a formação de um tenista se dá dos 15 aos 20 anos.” Esse é o período de moldagem do atleta, do aprendizado do autocontrole e da apuração da técnica”.
E o espanhol, que nos tempos de jogador era considerado calmo e frio em quadra, faz questão de ressaltar que a calma é um das melhores conselheiras dos atletas. A tática tem funcionado com o pupilo James, que segundo Mantilla, não sabia controlar os hormônios de um menino de 19 anos e queria vencer a qualquer custo. “O James, depois de um tempo comigo, melhorou muito a questão da disciplina em quadra. Ele é um jogador bastante competitivo, com saque forte e agora, sabe melhor como controlar o jogo e usar a ansiedade do adversário se virar contra ele”.
O técnico Félix Mantilla é muito exigente com seus comandados e ressalta que exige que o jogador seja muito respeitoso, tanto com o técnico quanto seus adversários, para que assim, ele se torne um atleta profissional e vencedor.
Tempos de glórias e quedas
Félix Mantilla nasceu em Barcelona, em 23 de setembro de 1974. Joga tênis desde os 10 e na adolescência, já despontava como uma das promessas de seu país, que tem fama de revelar tenistas especialistas no saibro, como Rafael Nadal. Ao longo de sua vitoriosa carreira de 15 anos, ganhou 10 Masters, incluindo o de Palermo e Barcelona.
Mas, com absoluta certeza, o momento mais brilhante de sua trajetória foi, segundo ele, a vitória sobre Roger Federer, na final do Masters 1000 de Roma, em 2003. “Bater o Federer é um título concedido a poucos e eu me orgulho de fazer parte dessa galeria”.
Dos momentos espinhos e frustrantes da carreira, Felix não guarda muitas lembranças. “Tive um câncer de pele que me tirou um tempo das quadras e não me sinto frustrado por nunca ter ganhado um Grande Slam. O momento mais triste da minha carreira foi a aposentadoria, aquele momento que você sai da quadra a última vez como atleta, olha para trás e tem a consciência que, mesmo treinando alguém ou praticando, nunca mais será a mesma coisa”
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